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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

tesouro verdadeiro.


Amados Irmãos,


Hoje eu vim lhes falar sobre o único tesouro verdadeiro.
O único tesouro verdadeiro é o Amor.
O Amor é a Fonte Original em perfeito Equilíbrio, o Amor é o Ponto Zero Universal, em que todos os opostos desaparecem.
No seu Ponto Zero há um imenso silêncio porque, sem oposições, não há ego.
O ego vive das polaridades e se alimenta do desequilíbrio.
O Amor é o Silêncio Divino.
O Amor é uma oportunidade para crescer, para chegar aos níveis superiores de ser.
O Amor é a frequência vibratória cósmica da harmonia de tudo com o tudo mais.
O Amor é o aspecto mais puro e não distorcido da energia do Criador.
É uma frequência vibratória que contém as chaves que abrem as portas de Todos os Reinos do Céu. Mas você não pode ter a Chave; você só pode deixar que ela tenha você. No momento que você tenta ter a Chave, você se torna dual e desequilibrado.
Entendam isto, vocês não podem manipular ou controlar o Amor.
Ele é que controla vocês, porque o Amor é soberano.
Só há um meio de você ficar à disposição do Amor, e esse meio é projetar emoções/sentimentos positivos para a Matriz Cósmica.
Cada momento que você passa sentindo emoções negativas e medo, seu campo energético diminui a frequência vibratória, privando você da possibilidade de estar em posse do Amor.
O processo de cocriação da sua realidade de terceira dimensão através de seus pensamentos ocorre assim:
o modo como você pensa provoca o modo como você sente,
o modo como você sente provoca o modo como você vibra,
o modo como você vibra determina o que você atrai,
e o que você atrai se materializa em sua realidade.

O Amor - como tudo - só chega a você a partir da qualidade das vibrações que você emite.
Lembrem-se, o Universo é um local que ecoa, dando e recebendo simultaneamente.
Nós dos Reinos Superiores vemos que nunca, desde o início da criação, houve um tempo no seu Planeta como este em que vocês vivem agora. É uma oportunidade única para a Terra e a Raça Humana.
Gaia tem sido auxiliada em sua transição para a quinta densidade através de feixes de energia altamente vibracional, o que resulta um aumento significante de sua frequência vibratória. Seus cientistas podem constatar as mudanças, mas não podem entendê-las.
A Humanidade está no final de um ciclo de limitação, e muitos no seu planeta estão despertando para o poder superior do Amor.
O Amor mudará você.
E quando você muda, toda a vida muda.
Esta é a alquimia da transformação.
A mudança da frequência vibratória do coletivo através da sua própria mudança pode parecer um empreendimento difícil, mas não é. Lá no fundo de todo o seu conhecimento, você sabe como fazer. As dificuldades se apresentam somente como degraus de pedra até as altitudes mais altas. Sem dificuldades, não haveria crescimento.
Use seu pensamento para criar sentimentos positivos; o pensamento de um só indivíduo alinhado com a alta frequência do Amor é mais poderoso que centenas de pensamentos desalinhados.
Então, o poder de centenas de indivíduos conscientes projetando pensamentos positivos na consciência coletiva aniquilará o pensamento-padrão de um milhão de indivíduos não-conscientes.
Mas, para realizar a transformação, vocês devem ser intrépidos, extremamente corajosos, destemidos, porque o medo nada mais é do que a ausência do Amor.
Estejam alertas, examinem profundamente tudo que os fazem temer e vocês verão desequilíbrio e ausência de Amor.
Reivindiquem o seu Tesouro.

Deixem o amor ser o seu estado de Ser!
EU SOU Emmanuel

domingo, 25 de outubro de 2009

Epopeia - MAHABHARATA

CONSIDERAÇÕES SOBRE A EPOPÉIA: O MAHABHARATA
Palestra proferida pelo Gnana Dhatha Sérgio Fonseca B. Barretto no I Encontro de Ashramas da SDM, em Agosto de 2000, em Águas da Prata – SP)


A epopéia do Mahabhárata, obra do sábio Vyasa Dwapayana, é a maior e a mais antiga da história da Humanidade. Ela contém 220.000 versos, distribuídos em 18 livros, cerca de doze vezes maior que a tradicional Bíblia das escrituras judaico-cristãs. Sua abrangência é de caráter universal, tratando dos mais variados temas tais como religião, mística espiritual, ética, regras sociais, artes bélicas, ciências e filosofias. Existem as mais variadas teorias de estudiosos e exegetas religiosos quanto à idade da epopéia: alguns afirmam que o Mahabhárata foi escrito há cerca de 5000 antes da era cristã e algumas escolas filosóficas da Índia falam em 7.000 anos, etc, os Mestres da Grande Fraternidade Branca (SUDDHA DHARMA MANDALAM), todavia, afirmam, através de vários livros (1), que essa obra possuí cerca de (mais ou menos) 12000 anos a.C, embora os fatos ali descritos, tenham ocorrido 1000 anos antes. (1)(Sanátana Dharma Dípika, fls.71, obra da Suddha Dharma).


“MAHABHÁRATA” é uma palavra sânscrita que significa, literalmente, grande batalha (Maha e Bhárata) e é uma mensagem dirigida ao gênero humano como um todo e, portanto, diferente de outras conhecidas tradições culturais, sejam elas orientais e ocidentais, como segue: 1o) a mensagem do Velho Testamento foi destinada a um povo (hebreu), dentro de um ciclo de tempo, com um Dharma (Lei) racial específico; 2O) O Budismo clássico de Sidharta Gautama (Buda, 570 a.C) surge das entranhas do Bramanismo, como uma nova revelação, 3O) o Cristianismo, de Jesus Cristo, embora seja considerada a “Boa nova” ou Nova Mensagem, suas raízes estão dentro das escrituras judaicas e 4O) o Islamismo, do profeta Maomet (sexto século após a era cristã), é uma simbiose das doutrinas judaico-cristãs, - tudo isto numa análise simplista, em se falando das grandes religiões atuais; da mesma maneira se observa na origem de outros sistemas menores, de fundo cultural- religioso, em povos e épocas diferentes.

No que se refere à Epopéia do Mahabhárata, as instruções destinam-se ao gênero humano, numa exposição transcendental sobre os aspectos da manifestação cósmica, envolvendo conhecimentos de natureza científica, artes, filosofia, ética e metafísica, dentro da trama das energias positivas e negativas (bem e mal), no entrelaçamento da alma humana em sua evolução espiritual; nessa epopéia, “todas as demandas humanas ligadas à mente e ao espírito se encontram tangíveis nesta vasta e profunda obra; nos séculos XVIII e XIX, vários investigadores europeus fizeram o desafio a si mesmos no sentido de penetrar no conteúdo de suas mais de 5000 páginas, mas poucos conseguiram concluir seus estudos – certamente pela exigüidade de tempo e o necessário e imprescindível domínio das várias áreas de conhecimento ali descritos. Felizmente, em nossos tempos, William Buck (1933-1970), pesquisador norte-americano da Universidade de Berkeley, da Califórnia, após o primeiro contato com o Mahabhárata, em 1955, sentiu-se empolgado e decidiu pesquisá-lo como obra histórica. Começou a estudar sânscrito para melhor assimilação do texto original, comparando-o com duas antigas versões inglesas do século XIX. Após 15 anos de trabalho, publicou uma síntese na década de 1970 (“Regents of University, 1973 – Mahabhárata”).
Alguns anos depois, em 1985, o francês Jean Claude Carrière e o inglês Peter Brook (depois de 11 anos de pesquisa em conjunto) apresentaram uma versão teatral da Epopéia, no Festival de Avignon; fechando agora o parêntese, queremos deixar registrados que, em se falando de filosofia – a moderna e a da Antiguidade,- seria uma grande omissão e lacuna imperdoável deixar de mencionar o MAHABHÁRATA como a fonte mais antiga e nobre de toda cultura humanística. Concluímos com o pensamento de Ramiro A. Cale, famoso escritor espanhol, sobre esse tema:
“”...Quando escritores ocidentais entraram em contato com a extraordinária e belíssima literatura da Índia, se sentiram comovidos. Inúmeros pensadores se interessaram apaixonadamente pela cultura hindu e, entre eles, podemos citar:John Milton, Pierre Loti, Lamartine, Vitor Hugo, Tiec, Frederic Schlegel, conde de Keypeling, Leopardi, Maeterling, Yeats, Coleridge, Emerson, René D’Arimal, Aldoux Huxley e Herman Hess. Paulatinamente, os estudiosos do Ocidente vão descobrindo o colossal legado literário da Índia, desde os Vedas e os Upanishads, até essas duas grandes epopéias que são o MAHABHÁRATA e o RAMAYANA”.(Extraídos das obras: “Yoga, a plenitude da consciência”, Sérgio Fonseca B.Barretto e José Ruguê Ribeiro Jr., fls.17/18 e “Mahabhárata”, R.A. Calle, EDAF, Madri, Espanha).


Voltemos agora às origens da Epopéia, para traçar algumas linhas paralelas sobre os ciclos da evolução humana, para tornar mais fácil a compreensão do drama dos personagens ali envolvidos. O episódio do Mahabhárata ocorreu no final do Dwapara-Yuga (predominância da ética e da devoção) e no surgimento da era do Kali-Yuga (idade da síntese das virtudes da sabedoria, amor e ação). Cada Idade representa um período de 24.000 anos e são quatro ao todo, também conhecidos como “Quaternário Dhármico”, na expressão esotérica. O sistema social vigente estava baseado em reinados, castas e dinastias e devemos sempre nos lembrar que as atitudes humanas da época e visão do mundo devem ser recuados em vários milênios, para uma melhor compreensão da Epopéia. Assim sendo, vamos realizar uma resenha dos acontecimentos predominantes ocorridos entre os Pândavas e os Kauravas, primos entre si e personagens centrais da história.

A HISTÓRIA
Há muitos milênios atrás, em Ariavartha (“Terra dos Ários”, hoje Índia), na região de Hastinapura, existia uma civilização bem avançada em cultura humana e espiritual, sob a regência do rei Vishistravirya, descendente do grande rei Bhárata, da dinastia lunar. Esse rei era casado com duas esposas Ambika e Ambalika, que morreu sem deixar descendentes. Vishistravirya tinha dois irmãos, Bhishma e Krishna Dwapayana, esse último um grande sábio que possuía o título de “Vyasa”, honraria honorífica concedida aos que detinham grandes conhecimentos. Krishna Dwapayana assumiu o reino e, por insistência de irmão Bhisma, tomou as duas viúvas como esposas, seguindo as tradições culturais da época. Dessa união, Krishna teve dois filhos, Dhritarashtra, o primogênito (que nasceu cego). e Pandu, cujos descendentes foram, respectivamente, a linhagem humana dos Kauravas e Pândavas, que são os protagonistas centrais da Epopéia do Mahabhárata.
Consoante as tradições da realeza da época, a sucessão deveria ser de Dhritarashtra, por ser o primogênito; no entanto, ainda dentro dessas mesmas tradições, havia um impedimento para qualquer descendente real que possuísse alguma deformidade física, doenças, inclusive a cegueira, em assumir o reino e, por conseguinte, a sucessão do reino passaria, automaticamente, para o irmão mais novo; em face desse impedimento, o príncipe Pandu assumiu o trono.

Dhritarashta, embora cego, casou-se com a princesa Ghandari, com a qual teve 100 filhos (simbólicos), sendo Duryodhana, o primogênito; Pandu, o rei e irmão, casou-se com Kunti (também conhecida como Pritha) e tiveram três filhos: Yudhistira, (o primogênito), Bhima e Arjuna; de sua segunda esposa, Madri, Pandu teve mais dois filhos: Sakula e Sahadeva (gêmeos), formando assim a família dos Pândavas, os heróis da história. Com o gráfico abaixo, acreditamos facilitar a memorização e a posição dos herdeiros do Reino de Hastinapura.

Duryodhana - ( 100 irmãos )
Pandu adorava as caçadas e, em uma de suas aventuras na floresta, tentando flechar um animal, acidentalmente atingiu e feriu mortalmente uma mulher; naquela oportunidade, o raivoso viúvo lançou sobre o rei uma maldição que o deixou cheio de remorsos e tão impressionado, que o levou a renunciar ao reino e seguir, como monge-eremita, para as montanhas dos Himalayas, em busca de sua redenção espiritual.

Em conseqüência, Dhritarashtra, mesmo cego e por falta de um herdeiro direto, assumiu o trono e todas as funções pertinentes, exercendo, também, a condição de patriarca da família dos Kurus, criando seus filhos juntamente com os sobrinhos, os Pândavas.
Decorridos alguns anos, quando os herdeiros alcançaram a maioridade, o rei entregou a educação de seus filhos e sobrinhos para um grande sacerdote chamado Drona, mestre em artes bélicas e ciências naturais, conhecimentos considerados indispensáveis para os herdeiros da realeza. Terminado o curso de aprendizagem, Dhritarashtra conduziu Yudishthira, primogênito de Pandu, por legítimo direito, ao trono de Hastinapura. Durante todos estes anos em que perdurou a instrução dada pelo sacerdote Drona, jamais houve amizade entre os primos, havendo, ao contrário, brigas e conflitos violentos entre os Kauravas e Pândavas, o que necessitava contínua intervenção do sacerdote e do rei.
As características dos Pândavas eram bem diversas daquelas dos Kauravas; os Pândavas (Yudishthira e seus irmãos) eram dotados de excelentes qualidades morais, honestidade, honradez e espírito pacífico, enquanto seus primos eram violentos, desonestos, corruptos, ambiciosos e de má conduta. Os Pândavas, em virtude de suas elevadas qualidades éticas, eram admirados e estimados por todos, enquanto os Kauravas eram temidos e detestados em todo o reino. Duryodhana, o mais velho dos Kauravas, era um líder muito astuto e perigoso e sentia enorme despeito e inveja pelo prestígio que desfrutavam os Pândavas, principalmente do príncipe Arjuna, pelas suas excelentes qualidades morais e notáveis habilidades nos jogos esportivos.


Duryodhana e seus irmãos procuravam, por todos os meios, uma maneira de usurpar o reino de Hastinapura do domínio dos Pândavas, mesmo que tivessem que utilizar as mais condenáveis e diabólicas armadilhas; e essa oportunidade surgiu quando, em uma cidade próxima chamada Varanavata, iria ocorrer um grande festival religioso. Duryodhana, sabendo que seus primos eram devotos e religiosos, convidou os Pândavas para participarem desse evento, dizendo que iria mandar construir um palácio para recepcioná-los. Encomendou a obra para seu primo Vidura, dizendo que desejava um palácio de madeira, cânhamo e outros materiais inflamáveis, com o objetivo de incendiá-lo, à noite, enquanto seus primos dormiam. Vidura, embora parente de Duryodhana, era amigo dos Pândavas e, desconfiado das recomendações recebidas sobre o palácio, construiu ocultamente um túnel subterrâneo. Quando ocorreu o incêndio, os Kauravas acreditaram ter-se livrado de seus primos, apoderaram-se do trono e Duryodhana proclamou-se rei.

Os Pândavas conseguiram escapar ilesos pelo túnel e refugiaram-se para um bosque distante, temerosos de serem descobertos pelos agora poderosos e perigosos primos, disfarçando-se de monges mendicantes e ali permaneceram por um longo período, recebendo instruções de grandes sábios e yoguis. Certo dia tiveram notícia que Drupada, rei dos Panchalas, iria conceder a mão de sua filha, a bela princesa Draupadi, ao cavalheiro que vencesse uma série de provas esportivas; príncipes e nobres de todo o país ocorreram para a disputa da mão de Draupadi. As provas eram muito difíceis e nenhum nobre conseguiu vencê-la e o rei declarou que, se os Kshastriyas (guerreiros reais) não conseguiram vencer todas as provas, iria estender o direito às outras castas, mesmo para os Sudras (serviçais) e que, qualquer que fosse o vencedor, se casaria com a princesa. Disfarçado de Brahmane, Arjuna se candidatou para as provas e como era muito hábil no domínio do arco, venceu na primeira tentativa e conquistou a mão da princesa. Esse fato contrariou profundamente os religiosos brahmanes, uma vez que essa casta não deve tocar em armas, disputar jogos ou cometer violências e causou estranheza também entre os nobres cavalheiros que disputavam a princesa; revoltados em perder para um pobre monge, vários nobres tentaram, à força, arrebatar-lhe a noiva e o desafiaram, incluindo seus irmãos, para combates singulares; os Pândavas lutaram e venceram todos e levaram, triunfalmente, a princesa Draupadi. Quando chegaram à cabana onde residiam, Arjuna adiantou-se e disse à sua mãe: “Mãe, hoje trouxemos uma esmola verdadeiramente preciosa”. Como era costume, a mãe recomendava sempre que, as esmolas ou bens recebidos entre os filhos, fossem repartidos igualmente e, de costas, afirmou: “Dividi-a entre vós” e voltando-se se surpreendeu ao verificar que era uma mulher. “Que disse eu?”, Afirmou Kunti, mas como era costume real da nobreza, sua palavra não podia voltar atrás e assim, Draupadi casou-se com os cinco irmãos.
Passados alguns dias, o irmão de Draupadi, preocupado com o destino de sua irmã e sem saber exatamente que categoria de pessoas eram aqueles monges, seguiu-os e, na calada da noite, ouvindo-os do interior da cabana, descobriu que eram nobres guerreiros Kshastriyas e comunicou o fato ao seu pai. Esse ficou satisfeito, mas continuou preocupado pelo fato de Draupadi ter desposado, ao mesmo tempo, os cincos irmãos; consultou um sábio (Vyasa) e esse respondeu que, em se tratando daqueles príncipes, era lícito tal casamento. Passado algum tempo, os Pândavas se tornaram conhecidos na região pela sua bondade, coragem e valor e conquistaram os povos vizinhos pelos seus conhecimentos. Com esses acontecimentos, Duryodhana e seus irmãos acabaram descobrindo que os Pândavas haviam sobrevivido de sua armadilha e fizeram novas tentativas para eliminá-los, sem êxito.

Em face das notícias de que os Pândavas estavam vivos, os sábios da Corte aconselharam Dhristashtra para firmar um acordo de paz entre Pândavas e os Kauravas e entregar-lhes a metade do reino; o rei acolheu a proposta e convidou os sobrinhos a retornarem à sede do império e para eles mandou construir uma cidade, chamada Indrapastra. Como era costume dos povos daquela época, Yudishthira resolveu fazer a unificação de vários reinos, o que recebeu o apoio de vários governantes e entre eles, de Sri Krishna, seu primo e Avatara encarnado. Aconteceu também que um outro rei, Jarasandha, pretendia realizar o mesmo projeto de unificação. Em face desse impasse, Sri Krishna sugeriu que se fizesse um combate singular, o que foi aceito por ambos. Foi designado Bhima, um dos Pândavas, para realizar o combate com Jarasandha e, depois de 14 dias, a vitória se inclinou para Bhima e, de acordo com as tradições vigentes, foi realizado um Yagna (sacrifício religioso) e Yudhisthira, o primogênito, coroado imperador. Participaram dessa comemoração, como convidados de honra, Dhritarashtra e seus filhos, embora profundamente despeitados com a conquista dos primos.
Quanto mais crescia o prestígio dos Pândavas no reino, mais aumentava o ódio de Duryodhana e seus irmãos; ocorreu-lhe então uma idéia sinistra, com a qual poderia levar à ruína Yudhisthira e seus irmãos. O plano consistia em convidar Yudhisthira, um apaixonado por jogo de dados, para um confronto com os Kauravas; a recusa, entre membros de nobreza, expressava fraqueza e covardia. Depois de acertada a disputa, no momento do encontro, causou surpresa entre os Pândavas que Sakuni, tio dos Kauravas, habíssimo no jogo de dados, havia sido designado para enfrentar Yudhisthira na peleja. A disputa ocorreu no palácio, com a presença de toda Corte e os primos rivais.

Sakuni, desonesto e trapaceiro, usando dados falsos, foi ganhando sucessivamente várias partidas enquanto Yudhisthira, apostando seus bens pessoais e depois, gado, escravos, jóias e na esperança de desforra, jogou até o seu reino, seus irmãos e a própria princesa Draupadi, afundando cada vez mais em prejuízos e desespero. Temeroso com as conseqüências da disputa, o rei Dhritashhtra interveio e permitiu que fossem devolvidos os bens perdidos no jogo e concedendo, também, liberdade para os Pândavas. Nesse momento, Duryodhana, conversando com Sakuni e seus irmãos, apresentaram uma nova proposta: para a decisão final desse impasse, seria realizada uma última partida de dados entre os primos; o grupo perdedor seria desterrado por doze anos e, no final desta punição, teria que viver mais um ano incógnito, em outra cidade e caso não fosse cumprido esse acordo, teria que permanecer mais doze anos em exílio, para recuperar o trono. Com a anuência dos Pândavas, realizou-se a derradeira partida e, como era de se esperar e levando em conta a habilidade Sakuni e seus dados falsos, a vitória recaiu para os Kauravas.
Após a derrota, Yudhisthira, seus irmãos, mãe e a princesa Draupadi tiveram que abandonar o reino e foram para uma região distante, vivendo nas montanhas e bosques; esse período, doloroso no aspecto físico, foi de extraordinária importância para a vida espiritual dos Pândavas. Mantiveram contato com grandes yoguis e sábios, praticaram austeridades, estudos e meditação, visitando lugares sagrados e cultivando os dotes da alma.

Não bastasse a derrota e desterro dos Pândavas, Duryodhana não cessou suas tentativas de organizar novas ciladas e armadilhas para destruir, de vez, com os primos, embora sem sucesso. No final do ciclo de treze anos, Yudhisthira, o primogênito, foi submetido a uma difícil prova espiritual. Certo dia solicitou a um de seus irmãos que fosse buscar água, num regato próximo; como esse não voltou em seguida, enviou outro e assim sucessivamente, todos os irmãos foram enviados para a mesma tarefa e nenhum havia voltado. Intrigado, Yudhisthira foi ao local para ver o que estava acontecendo e lá encontrou um Yaksha (Entidade elemental) que lhe disse:
“Todos os seus irmãos estão mortos e caso você não me responda corretamente as minhas indagações, você será o quinto cadáver; se responder corretamente, porém, poderá levar a água que quiser e seus irmãos voltarão à vida”. Então o Yaksha fez algumas perguntas, de profundo caráter espiritual e filosófico, as quais foram respondidas com grande sabedoria, deixando-o satisfeito e, em seguida, lhe disse: “Eu sou o Dharma, o Deus da Justiça e vim para te por à prova. Teus irmãos não morreram, tudo foi obra de minha magia, posto que consideras a abstenção de toda injúria superior ao prazer e ao luxo, teus irmãos viverão, ó vencedor de todos os teus inimigos e fortaleza dos Bháratas!”. Em seguida, Dharma recomendou que, neste último ano de desterro, que eles se refugiassem no reino de Virat e ali vivessem disfarçados, pois os guerreiros de Duryodhana ainda não haviam desistidos de persegui-los. Os Pândavas para lá se dirigiram e ingressaram para o serviço doméstico do reino, sendo que Yudhisthira tornou-se sacerdote da corte, Bhima, cozinheiro, Arjuna, como eunuco, foi nomeado professor de dança da princesa Uttara, Nakula, escudeiro, Sahdeva, boiadeiro, Kunti e Draupadi, camareiras da rainha. Dessa forma, a família permaneceu junta e unida e, assim, conseguiu escapar das perseguições implacáveis dos primos Kauravas.
Terminado o período de treze anos de desterro, com o correto cumprimento das regras estabelecidas, Yudhisthira enviou um mensageiro ao rei Dhritarashtra, intimando-o a cumprir o acordo que consistia na devolução da metade do reino. Quando a notícia chegou ao palácio, Duryodhana se enfureceu e negou, em nome de seu pai, a devolver-lhe parte do reino. Em face dessa negativa, novamente Yudhisthira enviou novo emissário, solicitando que, pelo menos, lhe fosse devolvida a soberania sobre cinco cidades do reino. Duryodhana respondeu que um reino não pode ser dividido e que não cederia absolutamente nada, nenhum pedaço de terra do tamanho da ponta de uma agulha e, a não ser pelo poder das armas, devolveria qualquer terra aos primos. Dhritarashtra, rei cego, não possuía nenhum poder de decisão e todas as soluções do reino estavam de posse de seu filho Duryodhana. Não obstante as ponderações feitas pelo rei, a intervenção dos anciãos e do próprio Sri Krishna, a encarnação divina, conseguiram demover Duryodhana de sua obstinação de não aceitar uma partilha pacífica.
Esgotados os recursos diplomáticos para divisão do reino, ambas as partes se prepararam para a batalha. Yudhisthira reuniu vários governantes amigos, os quais atenderam à justa reivindicação de sua pretensão ao reino de Hastinapura e os Kauravas, por sua vez, também conseguiram apoio para o exército de Duryodhana. Em ambos os exércitos havia parentes, amigos, mestres e instrutores. Naquela oportunidade, Duryodhana e Arjuna procuraram o apoio do Mestre encarnado, Sri Khrisna, primo de ambos os grupos opositores. Krishna, porém, prometeu não tomar parte ativa na batalha, mas aceitou, tão somente, guiar o carro de guerra de Arjuna, enquanto autorizava Duryodhana a se aliar com quantos exércitos desejasse. Como era costume da época, nas batalhas da realeza, o início da contenda tinha dia e hora programados. Assim, ambos os exércitos se apresentaram para o confronto fratricida na planície de Kurukshetra (o campo do dever), no período de Sri Kala (das 6 hs. às 10 hs) da manhã. Estavam ambos os grupos alinhados para a batalha, aguardando o toque das trombetas para começar a contenda, quando Arjuna, o comandante dos Pândavas, solicitou a Sri Krishna que colocasse seu carro entre ambos os guerreiros, para verificar o poderio de cada um e também conhecer com quem iria lutar. Sobreveio, então, para o príncipe Arjuna uma dor muito profunda em sua alma ao ver, entre ambos os lados, parentes, amigos, professores e muitos companheiros. Horrorizado, cheio de tristeza e agonia, ao contemplar seus amigos como antagonistas, numa batalha que seria cruenta, deixou cair de lado seu arco e disse a Sri Krishna, o condutor de seu carro de guerra, que preferia morrer a ter que lutar contra seus próprios parentes. Neste momento, Sri Krishna expõe a Arjuna toda a doutrina da Srimad Bhagavad Gita, mostrando a importância do cumprimento do dever, instruindo-o na ciência sagrada, com uma perfeita exposição dos Dharmas Eternos (Sabedoria, Amor, Ação e Síntese), como instrumento da Suprema Luz do Bem e, ainda mais, que ele, Arjuna, deveria se desvincular dos desejos pessoais e dos frutos das ações, numa submissão incondicional ao Poder Divino. O conhecimento da Gita foi assim transmitido a Arjuna por osmose espiritual, através de uma elevada iniciação, além do tempo e espaço e da compreensão mediana comum, enquanto percorria com seu carro entre os dois exércitos perfilados. Um tanto abalado pela grandiosidade do conhecimento divino recebido e depois, refeito, faz soar a trombeta, dando início à batalha.
batalha durou 18 dias, com a vitória dos Pândavas; Bhisma, o ancião, tio-avô dos primos guerreiros, já havia morrido, depois de ferido gravemente no décimo dia de batalha; antes de falecer, porém, transmitiu a Yudhisthira todas as instruções pertinentes ao reino, bem com as ciências sagradas, filosofias e ensinamentos dos sábios; morreram em combate Drona, Karna, Duryodhana e seus irmãos, príncipes, reis e milhares de guerreiros de ambos os lados. Após a morte dos Kauravas, Kunti, a mãe dos Pândavas, fez uma extraordinária revelação: comunicou a todos os filhos e a Draupadi, que Karna, o mais valente e poderoso guerreiro dos Kauravas, era seu primogênito e que ela o abandonara logo após o seu nascimento, colocando Karna em um cesto e deixando-o descer rio abaixo e que ele havia sido descoberto e criado por um cocheiro. Confessou Kunti que tomou essa decisão porque era muita jovem e solteira e em virtude das rígidas regras de casta a que pertencia. Terminada a batalha, Yudhisthira, impregnado de dor pelo sangue derramado de tantos amigos e parentes, a conselho de Vyasa, realizou um Yagna (devoção religiosa) e depois foi coroado rei do Império.

Dhritarashtra viveu ainda mais quinze anos no palácio, recebendo carinho e amizade dos sobrinhos. Já bastante idoso, resolveu tornar-se asceta e retirou-se para o deserto, juntamente com a esposa e Kunti, mãe dos Pândavas.
Depois de trinta e seis anos de reinado, Yudhisthira soube que Sri Krishna, o grande iniciado, parente e Instrutor, havia falecido. Profundamente abalados com o desaparecimento do amado Mestre, ele e seus irmãos declararam que seus deveres mundanos haviam terminado e que iriam em busca do Amigo Divino. Consoante os costumes de Aryavartha, quando um homem chegasse à velhice, se fosse religioso, deveria renunciar a todos bens e posições sociais e encaminhar-se para os montes Himalayas, sem levar roupas e alimentos e, caminhando a pé, com a mente fixa em Deus até a morte, por inanição. Somente com este propósito de auto-sacrifício, poder-se-ia chegar à morada dos deuses, o sagrado Monte Meru.

Uma conduta dessa natureza se nos afigura, nos dias modernos, absurda e incompreensível, mas devemos também nos lembrar que estes acontecimentos ocorreram há mais de treze mil anos, quando os costumes, valores éticos e religiosos eram completamente diferentes.
Retornando novamente à história, Yudhisthira, seus irmãos príncipes e Draupadi empreenderam a derradeira jornada, em absoluto jejum, em direção aos Himalayas e observaram que um cão começou a acompanhá-los. Caminhando por aquelas estepes geladas, esgotados e famintos, logo Bhima alcançou Yudhisthira que caminhava à frente do grupo e anunciou-lhe que a rainha Draupadi havia falecido. Abalado, chorou muito, mas continuou sem olhar para trás e disse que todos deveriam caminhar firme ao encontro do mestre Khrisna; e assim, sucessivamente, foram morrendo seus irmãos, mas Yudhisthira prosseguia inabalável até que chegou no sopé do Monte Meru, quando recebeu uma chuva de flores sagradas e ouviu sons celestiais que desciam dos planos espirituais, derramados pelos Seres da Luz. Neste momento glorioso, surgiu uma carruagem luminosa, dirigida pelo Deus Indra e lhe disse:

- “Suba nesta carruagem, pois vós sois o mais elevado dos seres mortais e somente a ti é concedido entrar de corpo e alma nos céus!”. Yudhisthira curvou-se agradecido e convidou o cão para que entrasse também na carruagem. Surpreso, Indra afirmou-lhe que era impossível que um cão, animal impuro, entrasse nos céus, mas que ele, Yudhisthira, sendo o mais virtuoso da raça humana, poderia perfeitamente ingressar nos planos celestiais. Ouvindo a decisão de Indra, o rei afirmou que não abandonaria, em hipótese alguma, daquele que foi seu fiel companheiro em toda a jornada, que o acompanhou mesmo após a morte de seus irmãos e da rainha Draupadi e que não se afastaria do dever da retidão, ainda que tivesse que renunciar às graças celestiais. Novamente Indra voltou-se para Yudhisthira e afirmou-lhe: - “Vós sois o escolhido para entrar nos céus e o cão, sendo um destruidor de vidas, é um animal cheio de pecados; renuncias aos céus e o cão entrará em teu lugar !”. “Aceito, afirmou Yudhisthira, então o cão irá em meu lugar!”. Com essa resposta, ocorreu o inesperado: o cão se transformou no Deus Yama, Senhor da Vida e da Morte, que havia se ocultado na forma de um cão para provar o caráter de Yudhisthira. Com esta resposta, Yama disse: -“Tu és o mais elevado de todos os homens, demonstraste o mais alto grau de compaixão com todas as criaturas a ponto de condenar-te ao inferno, anulando todas as tuas virtudes em benefício de outros seres! Tu és o maior de todos os Bháratas, ó Rei, és digno da Glória Eterna e teus são os Céus”. Em seguida ,Yudhisthira, Indra, Yama e outros Seres da Luz entraram na carruagem e se dirigiram para o Céu. O rei vitorioso, tanto na plano material como no espiritual, por fim, banha-se no Ganges sagrado (Swarga), encontra-se com Draupadi, seus irmãos e depois com o Homem Divino, Sri Krishna e, assim, entram na Morada da Eterna Felicidade.