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terça-feira, 20 de julho de 2010

ANAM CARA, por Wagner Borges

ANAM CARAé uma expressão celta que significa AMIGO DA MINHA ALMA Ou AMIGO ’ALMA

Há duas maneiras de interpretar o Anam Cara:
Neste plano fenomênico de manifestação densa, Anam Cara é aquela pessoa com a qual você poderá contar em qualquer ocasião, mesmo quando todos tiverem voltado as costas para você.
E mais: é aquela pessoa à qual você pode abrir o coração com confiança.
Quando você pensa nela, seu coração brilha mais. Você sabe que ela existe e está no mesmo plano que você.
Sabe que ela é valiosa e que, só de ver você, já sabe como você está, pois lhe conhece profundamente, além das aparências.
Ela sabe sentir você em espírito.
Em outros planos mais sutis, Anam Cara é o anjo amparador, aquela consciência extrafísica
que lhe ajuda invisivelmente.
Anam Cara é o anjo que lhe conhece desde sempre. Sabe dos seus dramas e de seus acertos ao longo dos tempos.
Pode até ter vivido momentos no passado junto com você, tanto em presença real quanto extrafísica.
No momento este anjo está em outra condição vibracional. Mas não esqueceu de você!
Muitas vezes, ele mergulha nos planos mais densos para lhe apoiar invisivelmente.
Você não percebe sua presença, mas ele vela secretamente pelo seu progresso.
Ele não é uma divindade, é apenas o seu anjo invisível, um Anam Cara extrafísico.
O Anam Cara poderá ser o seu filho, seu parceiro, seu irmão, seu pai, sua mãe, seu parente, ou apenas um amigo que você conheceu ao longo da vida.
Então, o coração não falará mais ao coração no silêncio de uma vibração silenciosa trocada no olhar da alma.
Haverá apenas o olhar que percebe o convencional, e que se perde nele em meio à dor de tentar achar o Anam Cara aonde ele não está.
Sentir alguém que é um Anam Cara em sua vida, seja ele o irmão, o amigo ou o parceiro, é sentir-se acompanhado na existência por uma alma brilhante.
É viajar pelo denso enganoso acompanhado de alguém que também vê algo além...
É sentir-se ligado em alma, dentro do coração.
O Anam Cara é seu refúgio dentro da loucura em volta.
É o porto que a nave de seu coração gosta de aportar em meio à tempestade.
Pense numa canção que lhe fala ao coração. Ao ouvi-la, você lembrará de muitas coisas.
O Anam Cara é semelhante à essa música. Quando você lembra dele, o coração viaja...
Ele pode ser seu amigo, amparador, irmão ou parceiro. Tanto faz. O que vale mesmo é que ele é uma riqueza que você achou no mundo.
O Anam Cara é isso: um amigo d'alma.
Nesse aspecto, o TODO é o amigo d'alma de todos os seres.
E como o TODO está em tudo, Ele também está nos amigos d'alma, desse e de outros planos.
Pode-se gostar de alguém em vários níveis: mental, emocional, energético ou sexual.
Porém, a ligação do Anam Cara transcende esses níveis e chega ao espírito.
Por isso, os celtas antigos reverenciavam o conceito de Anam Cara.
Para eles, tratava-se de uma riqueza sem paralelos.
E eles sabiam que as ligações que não são em espírito e verdade, são apenas manifestações temporárias e irrisórias ao sabor dos pensamentos, emoções e energias do momento.
Para eles, o real sempre foi o espírito eterno, não a bruma que dificulta a percepção.

Por isso, os poetas cantavam:
Oh, Anam Cara!
Muitos outros vieram,
Mas só sinto sua presença sagrada.
Só escuto a sua canção.
Ali está o sol,
Mais tarde virá a lua.
Mas, só me importa a sua canção.

O Anam Cara é isso: uma riqueza sem paralelos.
Só o coração é que sabe.
Só ele é que sente.
Quando o coração fala ao coração, não há mais nada a dizer.
O Anam Cara é um presente da vida ao coração.
Sua ligação não vem da Terra, mas de Deus!
Que as pessoas conscientes possam reconhecer o Anam Cara pelo coração.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

"AVE MARIA" POR VÁRIOS INTÉRPRETES



Escolha o seu intérprete favorito e clique!  (Esse é para ouvir e guardar!!!!)

  Aaron Neville
  Agnaldo Rayol
  Albano Romina Power
  Andrea Bocelli
  Andre Rieu * Schubert
  Andre Rieu
  Andre Segovia
  Andy Williams
  Angela Maria & Pery Ribeiro
  Amigos * Sertanejos
  Auriz Barreira * Schubertze
  Ave Mundi Spes Maria Gregorian Chant
  Bach
  Barbra Streisand
  Beniamino Gigli
  Bethovem Voz )
  Bing Crosby
  Brittany Hunter
  Caio Mesquita * Saxofonista
  Carlos Gomes
  Carpenters
  Celine Dion
  Claude Barzotti
  Charles Aznavour
  Chitãozinho & Xororo
  Demis Roussos
  Enrico Caruso
  Ernesto Cortazar Ave Maria Bach )
  Executada no Piano
  Fafa de Belem 
  Fagner ( Gounod )
  First Offense
  Francisco Alves
  Gounod
  Gounod 1
  Gounod Coro
  Gregorian Chat
  Il Divo
  J. Connick Jr.
  Jesse Norman
  Joan Baez
  Joana
  Johnny Mathis
  Jorge Aragão
  José Carreras
  Kenny G
  Kiri te Kanawa
  Les Petits Enfants de Saint Marc * en Concert de Caccini )
  Luciano Pavarotti
  Maria Callas
  Maria Dion
  Maria Irene Paiva
  Maria Russel
  Missa Cantada Estilo Congoles
  Mozart Opera
  Nana Mouskourit * Gounod
  Nana Mouskourit * Schubert
  Nina Hangen
  Renata Tebaldi * Bach e Gounod
  Richard Clayderman
  Roberto Carlos & Pavarotti
  Roberto Carlos
  Sarah Brightman
  Sergio Chiavazzoli * Cavaquinho 
  Schubert
  Soundtrack
  The Mormon Tabernacle Choir
  Three Tenor Carreras, Domingo e Pavarotti )
  Valdir Azevedo
  Verd
  Vicente Celestino * Schubert
  Voz Ecoro Somma
  Vicente Celestino * Schubert
  Voz Ecoro Somma
  Ave Maria * ? 
  Ave Maria * ??

  Jacno * Ave Maria
  Jordan * Ambient Maria mix
  Jordan * Matadore Solo Acoustic mix
  Jordan * Spanish Hybrid mix
  Jordan * Sweaty Spanish mix
  Jordan * Thundertone mix


  Agnaldo Rayol & Angela Maria * Ave Maria do Morro
  Altemar Dutra * Ave Maria
  Andrea Bocelli * Ave Maria do Morro
  Angela Maria & Cauby Peixoto * Ave Maria do Morro
  Anisio Silva * Ave Maria dos Namorados
  Coral cantores de Petrópolis * Ave Maria dos Navegantes
  Dalva de Oliveira * Ave Maria do Morro
  Fafa de Belem * Ave Maria dos Navegantes
  Francisco Petronio & Dilermando Reis * Ave Maria do Morro
  Jesse & Cascatinha * Ave Maria do Sertão
  Oswaldo Montenegro * Ave Maria de todas as Seitas
  Maria Bethânia * Ave Marias Oração a Nossa Senhora )
  Raul Seixas * Ave Maria da Rua
  Silvio Caldas * Ave Maria

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Só um lembrete do Quintana ...


'A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas.
Desta forma, eu digo:
 Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo,
pois a única falta que terá,
será desse tempo que infelizmente não voltará mais.'
Mário Quintana

Nunca Desista - Do not give up


terça-feira, 13 de julho de 2010

José Saramago


“Escrever é traduzir. Mesmo quando estivermos a utilizar a nossa própria língua.
Transportamos o que vemos e o que sentimos para um código convencional de signos, a escrita...”

“...e deixamos às circunstâncias e aos acasos da comunicação a responsabilidade de fazer chegar à inteligência do leitor, não tanto a integridade da experiência que nos propusemos transmitir,...”

“...mas uma sombra,  ao menos, do que no fundo do nosso espírito sabemos bem                  ser intraduzível, por exemplo...”

“...a emoção pura de um encontro, o deslumbramento de uma descoberta, esse instante fugaz de silêncio anterior àpalavra que vai ficar na memória como o rasto de um sonho que o tempo não apagará por completo.”
Muito universo, muito espaço sideral, mas o mundo é mesmo uma aldeia.”

Estamos numa aldeia chamada Azinhaga, no Alentejo português, a região sul do país  onde se produzem azeitonas, cortiça e trigo. E nesta pequena aldeia, modestas plantações e criação de porcos é o que há para ser feito. Jerónimo e Josefa estão particularmente felizes hoje, 16 de novembro de 1922, pois é o dia que viu nascer  o seu mais novo neto, a quem o destino conferiu o nome de José Saramago.

Livros e letras não fazem parte da rotina deste casal de camponeses, bem como de tantos outros vizinhos. As poucas palavras faladas lhes servem aos propósitos, e o seu mundo é o quintal que em breves minutos percorremos.

Na primavera de 1924, os pais de Saramago, Maria da Piedade e José de Sousa, abandonam o seio  do campo e se mudam para Lisboa, onde ele conseguiu um novo trabalho como policial do trânsito. Em Lisboa, Maria da Piedade passa a cuidar dos
afazeres domésticos, e se dedica aos filhos, Francisco, de quatro anos, e José Saramago, que  conta com dois anos de idade.

No mês de dezembro do mesmo ano em que se mudam para Lisboa, o filho mais velho do casal, Francisco, com apenas quatro anos de idade, morre de broncopneumonia.
Uma dor que Maria da Piedade carregará pelo restante dos seus dias.
Saramago passa a frequentar a escola primária na capital, e já é fluente na leitura, aos oito anos.Sua mãe o envia nas férias para Azinhaga, para o contato com o campo
e com os avós maternos.

E nas temporadas que passa na aldeia dos avós, o pequeno José sente-se feliz como um pássaro livre. O contato com a Natureza – a inocência, cheia de beleza e serenidade, das coisas puras. Os peixes que, nadando velozes, mantêm-se, por vezes, imóveis contra a força da corrente...  Anos mais tarde, recordará Saramago algumas lembranças do avô Jerónimo:... “Recordo daquelas  noites mornas de Verão,  quando dormíamos debaixo da figueira grande, ouço-o falar da vida que teve, das histórias e lendas da sua infância
distante.”

“Adormecíamos tarde, bem enrolados nas mantas por causa do fresco da madrugada...”
As lembranças da pequena aldeia e o tempo passado na companhia dos avós – as grandes referências morais e sentimentais na sua vida – acompanharão o pequeno José pelos anos e décadas vindouros. O tempo passa e transforma crianças em jovens adultos.

Por falta de recursos, Saramago não chega a concluir o secundário, trocando os estudos acadêmicos pelo curso de serralharia mecânica numa escola técnica de Lisboa.
Aos dezenove anos passa a trabalhar num hospital, fazendo a manutenção do maquinário.

Com o trabalho a consumir as horas do dia, cultiva a rotina de dedicar a noite à leitura. Todas as noites, depois de jantar, vai a pé, apesar da longa distância, até a biblioteca pública de Lisboa, onde permanece até a hora de fechar, lendo tudo o que pode.
São estas leituras as suas aulas, o seu professor, o seu mestre...
Sobre esta fase, recordará anos mais tarde:...
“Como gostava de, um dia, começar a escrever, afinal, ser um escritor!  E ser escritor era para o jovem José uma reflexão sobre a vida e os seus absurdos...”

“Guiado talvez pela beleza da persistência, ainda que trêmula, de uma daquelas estrelas que vira no céu na casa do avô Jerônimo e da avó Josefa, decidiu ser todo uma só vontade, todo um atrevimento e lançou-se no voo alto de escrever...”
Em 1944, aos 22 anos de idade, casa-se com a pintora Ilda Reis, sendo que três anos mais tarde, em 1947, nasce a filha, que recebe o nome Violante. Neste ano também
publica o seu primeiro livro, ‘Terra do Pecado’.

“A expressão vocabular humana não sabe ainda e provavelmente não o saberá nunca, conhecer, reconhecer e comunicar tudo quanto é humanamente experimentável e sensível.”
Embora tenha seu primeiro livro, ‘Terra do Pecado’, ignorado pela crítica, Saramago continua a escrever, tendo diversos contos e crônicas publicados em jornais e revistas.
A sua paixão pela literatura leva-o a conseguir posições de certo destaque no meio editorial, atuando como colunista, revisor, tradutor e crítico literário.
Com aproximadamente quarenta anos de idade, seu nome começa a ser conhecido no campo da literatura e cultura em Portugal.
Saramago passa a ocupar diversas funções, como coordenador do suplemento de cultura do jornal ‘Diário de Lisboa’, e diretor-adjunto do ‘Diário de Notícias’.

Em 1970, Saramago e Ilda Reis se divorciam. E em 1975, ao deixar a função de editorialista do jornal onde trabalha, resolve dedicar-se exclusivamente à literatura.
Em 1980, aos 58 anos de idade, Saramago publica o seu segundo romance, chamado

“Levantado do Chão”. Desta vez, a acolhida é bem diferente; a obra é recebida com êxito, tanto pela crítica, quanto pelo público, em Portugal.
Os livros que se seguem nos anos seguintes são igualmente aclamados pelo país afora. Aos sessenta e poucos anos de idade Saramago dá início a uma tardia e improvável carreira literária.
Estamos em 1986, Saramago encontra-se com 63 anos de idade. Separado, com a           
filha já adulta
Realizou o sonho de escrever e ser lido. Com um sucesso considerável em Portugal , parece um homem satisfeito com a vida que lhe fora destinada.    
“Aos 63 anos de idade,     o que um homem pode ainda esperar da vida?...”
afirmaria numa entrevista, “Não muito...”. Mas o futuro  ainda lhe reserva  algumas surpresas...
1986 - Sevilha, Espanha.
Uma jornalista espanhola, nos seus trinta e poucos anos, passeia por uma livraria à procura de títulos interessantes.
Ao passar por uma estante que contém alguns livros separados para serem devolvidos à editora, se depara com um título que chama sua atenção.
Mesmo sem ter ouvido falar do autor, ela resolve comprar o livro, sem poder imaginar
as consequências que tal decisão, aparentemente trivial, poderá ter.
Coincidências da vida, dirão alguns, enquanto outros atribuirão o ocorrido ao destino, ao acaso, ao inevitável...

O livro se chama ‘Memorial do Convento’. E a jovem jornalista que o acaba de adquirir,                 Pilar del Río.
Blimunda, a protagonista de ‘Memorial do Convento’, ocupa um lugar especial dentre todos os personagens femininos  criados por Saramago.
Pilar gosta tanto do livro que compra vários exemplares para presentear às melhores amigas, comentando sua grande vontadede conhecer esse homem capaz de tocar tanto a alma feminina através de Blimunda.

Ela procura outros livros de Saramago, e diante da revelação e fascinação sentida após cada leitura, resolve entrar em contato com o autor.
Pilar recordará mais tarde: “Senti que tinha a obrigação moral de dizer a José Saramago o que tinha experimentado. Um autor só acaba a sua obra quando o livro é lido e entendido. E eu queria dizer-lhe:  completou-se o ciclo, li-o e entendi.”
Uma bela tarde,  toca o telefone na casa de Saramago.
Pilar se identifica, dizendo ser uma leitora e admiradora. Conversam sobre os livros de Saramago, sobre a literatura, sobre a vida...
E ao fim da conversa, combinam de se encontrar numa cafeteria em Lisboa, para uma entrevista que Pilar propõe realizar para o jornal em que trabalha.
Por ocasião do encontro, aproveitam para passear pela cidade de Lisboa, e falam de quase tudo.Depois, ela retorna para Sevilha.
“Com uma  estranha paz.”
No dia seguinte, Saramago retribui a visita de Pilar a Lisboa, enviando-lhe uma carta, acompanhada de rosas.
Caminhos que se entrecruzam, vidas prestes a se mudar para sempre... Coincidências da vida, dirão alguns. O destino, o acaso, o inevitável, afirmarão outros...
Há quem afirme que as histórias de amor, todas elas, desde o início dos tempos,                 se parecem, se repetem. O que muda são os nomes, os detalhes, os corações...
As idas e vindas entre Sevilha e Lisboa, onde Pilar e Saramago residem, respectivamente, passam a se tornar cada vez mais frequentes.
Os 28 anos de vida que separam Pilar, com 34 anos, e Saramago, 63, se tornam um mero detalhe diante do amor que sentem.  
Em outubro de 1988 celebram o casamento.
Ao lado de Pilar, Saramago inicia o que chama de sua ‘segunda vida’.
Saramago observa que aos 63 anos, “quando já não se espera nada”, encontrou “o que faltava para passar a ter tudo” – Pilar.
Ela, espanhola: sonhadora, lutadora,  vive a batalha de mudar o mundo;
Ele, português: melancólico, sereno... Uma combinação perfeita.
Os livros que Saramago passa a escrever desde então são todos dedicados a ela.
“A Pilar,  minha casa”
“A Pilar, os dias todos”
“A Pilar, até ao último instante...”
Com a mudança para Lisboa, Pilar abandona a carreira jornalística                              que exercia na televisão espanhola.
É a primeira leitora dos textos de Saramago, e a tradutora das obras                              do marido para o espanhol.

Em 1991, Saramago publica o livro “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, onde conta a história de Jesus de forma moderna, sob um olhar narrativo que humaniza Cristo.
Em 1992, a Secretaria de Cultura de Portugal veta a inscrição do livro na disputa do Prêmio Literário Europeu, por considerá-lo “ofensivo para o catolicismo do povo português.” 
Em reação a tal veto, que considera censório, Saramago se muda de Portugal, passando a fixar   residência na ilha de Lanzarote, Ilhas Canárias. 

E é em seu escritório em Lanzarote que Saramago escreve um de seus romances mais conhecidos – “Ensaio sobre a Cegueira”.
Escrito em 1995, próximo à virada do milênio, o romance aborda uma epidemia de cegueira repentina que acomete a inteira população de uma cidade.
A cegueira como uma alegoria para o estado de crise por que passa a atual sociedade,
onde, frequentemente, os limites entre civilização e barbárie são rompidos. 
A cegueira descrita no livro é uma “cegueira branca”, pastosa, como se alguém tivesse mergulhado de olhos abertos num “mar de leite”.
“Trevas brancas”  a anuviar o olhar daqueles que,  tendo olhos, não conseguem   (ou se recusam a) enxergar.
Uma cegueira por vezes associada ao avanço irrefreado do consumismo e do materialismo, que faz com que os homens percam  a consciência de si, se deformem,              se massifiquem e se barbarizem. Uma cegueira que promove a ruptura com a nossa própria essência – a compaixão, o cuidado, a solidariedade...

“Penso que     estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem.” Saramago “Se podes olhar, vê. Se podes  ver, repara”.
(epígrafe do livro  “Ensaio sobre a Cegueira”)

“Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória                 não existimos, sem responsabilidade talvez não    mereçamos existir.” Saramago
1995 – Saramago recebe o Prêmio Camões, o mais importante da literatura da língua portuguesa.
1998 – Recebe o Prêmio Nobel de Literatura, tornando-se o primeiro autor da língua portuguesa a receber a homenagem.
Ao receber o prêmio, Saramago inicia seu discurso      com uma homenagem ao avô, o camponês Jerónimo Melrinho, o que também pode ser visto como uma crítica à pompa das instituições literárias:...

“O homem mais sábio que conheci em toda minha vida não sabia ler nem escrever...”
E passa a discorrer sobre memórias de sua infância, suas fontes de inspiração e formação, e sobre alguns de seus principais livros e personagens.

Com a conquista do prêmio Nobel, inicia-se uma nova fase na vida de Saramago e Pilar.
O público leitor de Saramago multiplica-se. Os livros são traduzidos em 42 línguas,                     publicados em 53 países, e vendem milhões de exemplares mundo afora.
Plateias numerosas, por vezes superiores a mil pessoas, ouvem avidamente suas palavras. “Acho que na sociedade actual nos falta filosofia...”
“Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do  trabalho de pensar, e parece-me que,                       sem idéias, não vamos a parte nenhuma.”
“Falamos muito ao longo destes últimos anos dos direitos humanos; simplesmente deixamos de falar de uma coisa muito simples,...”
“...que são os deveres humanos, que são sempre deveres em relação aos outros, sobretudo. E é essa indiferença em relação ao outro,  essa espécie de desprezo do outro,...”
“...que eu me pergunto se tem algum sentido numa situação ou no quadro de existência               de uma espécie que se diz racional.”
“O egoísmo pessoal, o comodismo, a falta de generosidade, as pequenas cobardias do quotidiano, tudo isto contribui para essa perniciosa forma de
cegueira mental...”
“...que consiste em estar no mundo e não ver o mundo ou só ver dele o que, em cada momento, for susceptível de servir os nossos interesses.”
“Temos que acreditar nalguma coisa e, sobretudo, temos de ter um sentimento de responsabilidade colectiva, segundo o qual cada um de nós será responsável por todos os outros.”
A prioridade absoluta tem de ser o ser humano. Acima dessa não reconheço nenhuma outra prioridade.”
E fazendo uso do espaço, da atenção e notoriedade conferidos pelo prêmio Nobel,
Saramago denuncia as injustiças sociais, e defende com coração e alma as causas que abraça:... Os cuidados com a infância;
A educação de qualidade; Os direitos dos povos nativos da América Latina;
O combate à violência doméstica;
A luta pelo fim dos  maus-tratos contra animais;
A questão dos refugiados;
O sofrimento do povo palestino; dentre tantas outras.
Aos oitenta anos de idade, guarda o vigor juvenil     de se revoltar contra    toda injustiça, e  não permite que se morra nele o desejo de mudar o mundo. O engajamento sempre em prol do humanismo.

“Estou convencido de que é preciso continuar a dizer não, mesmo que se trate                  de uma voz pregando no deserto.”
Em 2007, aos 85 anos, Saramago é agraciado com o prêmio “Amigo das Crianças”, concedido pela fundação ‘Save the Children’.

Segundo a fundação, o prêmio é um reconhecimento ao grande empenho na procura de “um mundo melhor em que todas as crianças tenham esperança e oportunidades”,...
...salientando, ainda, o “compromisso ativo pela paz” e o “apoio continuado às campanhas e projectos relacionados com a infância e com os mais desfavorecidos”.
Dentre os livros de Saramago encontra-se um dedicado ao público infantil – “A Maior Flor do Mundo”.

Pilar é uma companhia constante nos intermináveis compromissos e viagens.
Igualmente defensora de inúmeras causas humanitárias, atua como confidente, conselheira, tradutora e é quem organiza a agenda do marido.
Estão sempre juntos – em Lisboa e Lanzarote ou pelo mundo – e de mãos dadas. Um amor e uma admiração singulares –
a aura envolvente que raros casais emitem... “Pilar, se eu tivesse morrido aos 63 anos, antes de te conhecer, morreria muito mais velho do que serei  quando chegar a minha hora.” Em meio às constantes viagens, é na residência em Lanzarote, com vista para o mar, que Saramago recompõe as energias e se restabelece.

E mesmo com a agenda corrida, ele reserva tempo para escrever ao menos duas páginas diárias – que totalizará um livro ao fim de um ano, conforme observa.
Por diversas vezes, Saramago e Pilar visitam o Brasil,    onde cultivam    muitas amizades.
Jorge Amado,             Chico Buarque, Leonardo Boff, Sebastião Salgado, Lygia Fagundes Telles  Paulo Freire, Betinho, Frei Betto, entre tantos outros. 
A calorosa acolhida dos intelectuais brasileiros também se reflete na relação de Saramago com              o seu público leitor no país.
Certa vez, diante da cativa platéia e da efusão de beijos e abraços que se seguiram, exclama:...
“Esta gente quer me matar de amor!”
Saramago também manifesta um carinho especial pelos jovens e adolescentes.
Frequentemente aceita convites para visitar escolas, proferir palestras e participar de debates.

“Nem a juventude sabe o que pode, nem a velhice pode o que sabe.”
Ao mesmo tempo em que cultiva a conhecida seriedade, Saramago também nutre uma notória leveza e um bom-humor constante.
Certa vez, declara gostar da seção de quadrinhos dos jornais.

“Confesso que     gosto muito do Calvin e do Hobbes, do Snoopy, do Garfield,...”
“...daquela Mafalda sábia e subversiva, de quem continuo a ser discípulo fiel.”
“A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que somos capazes de viver.”
“Fugir da morte pode tornar-se num modo de  fugir da vida.”
“O homem é o único animal capaz de chorar. E de sorrir. É diante do mar que o riso e a lágrima assumem uma importância absoluta.”

Dir-se-á que mais profundamente a assumiriam diante do universo, mas esse, digo eu, está demasiado longe, fora do alcance duma compreensão comum.”
“O mar é o universo perto de nós.”
Em 2007, Saramago é hospitalizado durante longos meses, devido a uma grave doença respiratória.
Tão logo se recupera, conclui o livro “A Viagem do Elefante”,... ...e faz questão de viajar para o Brasil, aos 85 anos de idade, para o lançamento mundial da obra.
A escolha do Brasil para o lançamento mundial é um presente ao carinho e amizade dos brasileiros.

A notória lucidez e a acuidade da sua reflexão filosófica permanecem inabaláveis,
contrastando cada dia mais com a saúde física debilitada.
“A vida é como  uma vela que vai ardendo, quando chega ao fim lança uma chama mais forte antes de se extinguir.”
“Creio que estou no período da última chama...”, afirma Saramago diante das crescentes limitações impostas pela saúde frágil .

Janeiro de 2010 – Haiti é sacudido por um forte tremor, que deixa milhares de mortos, feridos e desabrigados. Saramago, aos 87 anos de idade, já não tem a força nem a saúde para empreender viagem, de modo a levar a sua solidariedade àqueles que sofrem.
Apesar da distância, desde a ilha de Lanzarote, encontra um meio de contribuir, e de               lançar o seu incansável apelo para a humanidade.  

Ele convence sua editora a publicar uma edição especial do livro “Jangada de Pedra”, que terá a renda revertida integralmente em prol do povo haitiano.
Mais que um gesto de ajuda, um sopro de alento, nestes dias de fria indiferença, nestes tempos tão desprovidos de compaixão social e caridade. – Uma ‘Jangada de Pedra’
a caminho do Haiti –“Porque todos temos uma obrigação.”

Abril de 2010, a saúde física de Saramago a tal ponto está debilitada que o seu médico
lhe impõe repouso absoluto. O repouso absoluto, observa o médico, abrange também a escrita, ou seja, Saramago deverá parar de escrever.

Diante da renúncia derradeira à escrita que acaba de ser imposta ao esposo,  Pilar sente que a recuperação será um milagre. 

“...enganadora é sim a luz do dia, faz da vida uma sombra apenas recortada, só a noite é lúcida, porém o sono a vence,...”
“...talvez para nosso sossego e descanso, paz à alma dos vivos.” (em ‘O Ano da Morte
de Ricardo Reis’)

“...o espírito não vai   a lado nenhum sem as pernas do corpo, e o corpo não seria capaz de mover-se se lhe faltassem as asas do espírito.” (em ‘Todos  os Nomes’)

No dia 18 de junho,
depois de uma noite serena e tranquila, Saramago falece na sua residência em Lanzarote, acompanhado de Pilar e   de sua família, “despedindo-se de forma serena e plácida.” Em se havendo outros mundos, e havendo lá também  oprimidos e necessitados, estes ganharam uma voz a defendê-los e quem se importe com eles...
E em se havendo outros mundos ainda, talvez lá tenham se reencontrado o pequeno José
e os avós tão amados, Josefa e Jerónimo.
“Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.”

Segundo o amigo e teólogo Leonardo Boff, Saramago cultivava “a espiritualidade como sentimento do mistério do mundo, da profundidade humana e do amor aos oprimidos.”  Leonardo Boff descreve a tarde que ele e a esposa, Márcia, passaram na companhia de Saramago e Pilar   como “um festim de espiritualidade”.
“Ganhamos um amigo e a fé me diz que ele agora mergulhou naquele Mistério de amor que sempre buscou.” Leonardo Boff

“Quando me for deste mundo, partirão duas pessoas. Sairei, de mão dada, com essa criança que fui”.
Formatação: um_peregrino@hotmail.com

José Saramago

repassando.....
Queridos Amiga(o)s,

Aqueles que acompanham já há algum tempo as apresentações certamente têm reparado que citações de determinados autores aparecem com frequência nas mensagens – dentre os quais Mario Quintana, Rubem Alves, Leonardo Boff, Clarice Lispector, Frei Betto...

Junto a estes, outro escritor muito lembrado é José Saramago, a quem é dedicada a mensagem em anexo, que aborda um pouco da sua vida e obra.

Reserve algum tempo para ler a apresentação, sem pressa. Após a leitura, fica ainda a sugestão dos links abaixo indicados, que contêm alguns vídeos interessantes sobre o escritor português.

Vão-se os homens, ficam as obras.

Abraço a todos,
Mateus
e-mail: um_peregrino@brturbo.com.br
*****

Reflexões do documentário “Janela da Alma”

Trailler de "José e Pilar" – documentário com lançamento previsto para o dia 16 Nov 2010

“Una historia de amor – Saramago y Pilar”

Saramago – “Tras los pasos del caminante” (site do jornal argentino Clarín)

A Despedida

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Rosa de Hiroshima


http://www.youtube.com/watch?v=uBdg4SnOzm8&feature=player_embedded

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Frases de Albert Einstein

"A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus 
pessoal, evitando os dogmas e a teologia."
(Albert Einstein)

"Há apenas duas formas de viver a sua vida. Uma é
como se nada fosse um milagre. A outra é como se tudo fosse um 
milagre." 
(Albert Einstein)

"A mente que se abre a uma nova idéia jamais voltará ao seu
tamanho original."
(Albert Einstein)

"O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no 
dicionário."
(Albert Einstein)

"Não tentes ser bem sucedido, tenta antes ser um homem de 
valor."
(Albert Einstein)

Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo do que um 
preconceito.
(Albert Einstein)

"Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z. O 
trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada."
(Albert Einstein)

"No meio da dificuldade encontra-se a oportunidade."
(Albert Einstein)

"Os ideais que iluminaram o meu caminho são a bondade, a 
beleza e a verdade."
(Albert Einstein)

"Os problemas significativos que enfrentamos não podem ser 
resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criámos."
(Albert Einstein)

"Se você continua vivo é porque ainda não chegou aonde 
devia."
(Albert Einstein)

"Nossa tarefa deveria ser nos libertarmos ... aumentando o 
nosso círculo de compaixão para envolver todas as criaturas viventes, toda a natureza e suabeleza."
(Albert Einstein)

"A guerra é a coisa mais desprezível que existe. Prefiro 
deixar-me assassinar a participar dessa ignomínia."
(Albert Einstein)

"Os grandes espíritos sempre tiveram que lutar contra a 
oposição feroz de mentes medíocres."
(Albert Einstein)